No dia Internacional da Mulher a minha homenagem a todas nós, trazendo um pouco da história e curiosidades dessa peça que quase sempre nos acompanha.
Para quem pensa que a calcinha é um item que sempre fez parte do vestuário das mulheres aí vai uma informação: ela só começou a ser usada a partir de 1820 e era muito diferente do que temos hoje. Antes disso as mulheres, sempre com seus vestidos, usavam camadas e camadas de tecidos que eram descartadas assim que sujavam, o que poderia variar de 3 semanas a 3 meses. Nossa!!
As primeiras calcinhas, ou melhor, calçolas do século XIX tinham muito pano e o comprimento ia até a canela ou no máximo (ou mínimo) até os joelhos. Essas peças derivaram das peças íntimas já usadas pelos homens. As primeiras calcinhas eram feitas com as pernas separadas sendo unidas apenas na cintura, isso para facilitar a higiene. Com o tempo as pernas começaram a ser unidas na altura do quadril, e nesse caso havia uma grande abertura na parte traseira, para continuar a facilidade com a higiene. As peças eram feitas de algodão e com rendas, babados, fitas....No final do século XIX era possível ver um pouquinho desses acabamentos na altura do tornozelo quando, eventualmente as saias eram levantadas.
Calçolas típicas do século XIX com abertura na parte traseira |
Foi no século XX que a calcinha passou por inúmeras transformações de estilo, tecido, cores e uso.
O modelo com abertura foi se transformando e a peça no formato como temos hoje começou a ser usada. E foram as bailarinas francesas do Cancan, por volta da década de 1920, as principais responsáveis por essa mudança: elas começaram a fazer suas peças sem abertura e além disso encurtaram o seu comprimento para que as coxas ficassem mais à mostra nas danças quando as saias cheias de babados fossem levantadas. Os modelos de suas calcinhas também tinham muitas rendas e babados e eram muito coloridas, diferentemente das primeiras peças que eram geralmente brancas ou bege.
Dançarinas de cancan em Le café de Paris por Jean Béraud, final do século XIX, com os modelos das calcinhas ainda com abertura nas costas, na altura dos joelhos e de cor branca |
Imagem de uma dançarina de cancan a partir da década de 20. As meias eram suspensas com a cinta-liga, acessório que substituiu a antiga liga. |
Detalhe de uma calcinha e cinta- liga de bailarina de cancan a partir da década de 1920 |
Modelos diferentes de calcinhas nas décadas de 30 e 40 |
Típica imagem de pin-up: detalhe para a calcinha, liga, meia e sapato alto. As cores vibrantes assim como a maquiagem e cabelo também são características das pin-ups. |
Marlene Dietrich - década de 30 |
Marilyn Monroe em cena do filme "O Pecado Mora ao Lado", de 1954 |
Sophia Loren, década de 50. Aqui as meias e ligas já não aparecem mais. |
A partir da década de 60 os modelos de calcinhas começaram a variar mais ainda, com materiais como o nylon e renda para um maior conforto e elasticidade. Os modelos com a cintura baixa também começou a ser usado principalmente a partir de 1970.
Dois modelos da década de 60 feitos com renda |
Modelo de calcinha de cintura baixa, comum na década de 70 |
Na década de 80 houve uma retomada das calcinhas de algodão com campanhas com orientações sobre os beneficios desse material para a mulher, assim como modelos maiores na silhueta.
Calcinhas de algodão coloridas da década de 80 |
É claro que as opções com outros materiais e bem menos pano continuaram a existir como as tangas e fio dental.
E da década de 90 para cá temos essa variedade de modelos, tecidos, ornamentos.... para todos os gostos.
Victoria's Secret Fashion Show - Novembro/2010 |
Para quem quiser conhecer os modelos de calcinhas da empresa californiana vale a pena ver o guia de calcinhas com as características de cada tipo. É bem legal e ajuda na escolha das peças.
Bem, esse é só um pequeno post sobre o assunto. Há muito mais o que falar, ver, comentar, mas fica para outras oportunidades. Para saber mais deixo duas dicas bem legais: o livro Por baixo do pano da autora britânica Rosemary Hawthorne, e o curta, muito interessante sobre a história da calcinha. É muito divertido!
Para terminar, deixo a dica de um filme em que a protagonista, vivida pela bela Scarlett Johansson passa uma boa parte das cenas de calcinhas, num quarto de hotel, a espera de algo para fazer. O filme de Sophia Coppola é Encontros e Desencontros de 2003. É um filme que vale a pena, não só pelas calcinhas de Scarlett, claro, mas a historia é bem interessante e mostra um pouco da solidão e isolamento em que muitas vezes nos encontramos. A atuação de Bill Murray como o ator que está fazendo comercial no Japão, é excelente!
Abertura do filme "Lost in translation" (Encontros e Desencontros), de 2003. Na foto a personagem Charlotte vivida pela atriz Scarlett Johansson |
Até a próxima!
Luciana