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domingo, 19 de agosto de 2012

Os símbolos de Chanel


Chanel em seu apartamento em Paris, em 1937

Algumas pessoas acham que o luxo é o oposto de pobreza. Não é. É o oposto de vulgaridade. 
(Coco Chanel)

A data de hoje, 19 de agosto, é a do nascimento de uma das mulheres mais famosas e influentes do século XX,  Gabrielle Chanel, que nascia há 129 anos, na pequena cidade de Saumur, na França. 

Sua origem humilde e experiências sofridas quando menina e adolescente ficaram para trás ao longo da vida de sucesso e conquistas. A mulher que revolucionou não só a moda, mas o comportamento das mulheres, não falava dos episódios tristes de sua vida, e recriava sua história constantemente. 

Uma leonina com características muito marcantes e de  personalidade forte. Determinada, ousada, criativa, deixou muitas contribuições para as gerações futuras que podem ser percebidas através de suas criações e símbolos que adotou.  Aliás, ela própria é um símbolo: de elegância, luxorevolução, atitude e ousadia.

Em Mulheres Extraordinárias no mundo da moda: parte 1 apresentei um pouco sobre a vida de Chanel e sua  importância para a moda. Hoje, para comemorar a data de seu nascimento, trago algumas de suas criações e marcas para a moda e sua importância e presença na vida das mulheres até os dias atuais.



Variações da clássica 2.55
A Bolsa 2.55

A famosa bolsa de matelassê  recebeu esse nome devido à data em que foi lançada: fevereiro de 1955. O fecho original é o retangular. O fecho com os CCs entrelaçados só foi criado na década de 80 pelo estilista da marca, Karl Lagerfeld.

As alças de correntes duplas douradas são também uma característica marcante dessa bolsa, criada pela designer quando estava com 71 anos de idade.

Inicialmente a bolsa foi criada em couro e em jersey nas cores preferidas de Chanel, bege, marrom, preta e azul marinho, mas ao longo dos anos foram feitas muitas variações do modelo original, com cores e materiais diferentes como tecidos e metais.


Em comemoração ao 50° aniversário da bolsa (Fevereiro de 2005), Lagerfeld fez a reedição da 2.55  que a denominou “2.55 Reissue”.
Exemplar da bolsa 2.55 Reissue (usada)
custa por volta de U$ 3.800
Imitada, copiada e recriada por muitos, a famosa 2.55 é um dos ícones da marca Chanel e tornou-se um símbolo de status na segunda metade do século XX, e é até hoje fonte de inspiração para os designers modernos.


As jóias


Chanel foi uma das primeiras designers a usar imitação de jóias para compor seus looks. Já na década de 20, ela trouxe as imitações das pérolas e outras jóias para um nível superior, o da arte, com ar sofisticado e chique. Suas roupas feitas com tecidos e cortes simples, e em cores neutras, combinavam perfeitamente e pediam o uso de acessórios.

Chanel gostava de usar acessórios, mas sempre dizia que "deveriam ser usados para decorar e não para exibir riqueza e que muito dinheiro poderia matar o luxo". Por isso a opção pelas imitações e combinações variadas de elementos não naturais e pouco custosos, mas que causavam o efeito desejado de compor, adornar e enriquecer o visual.

Apesar de possuir muitas jóias valiosas ela raramente as usava. Diferentemente do costume e tradição das mulheres da época, Chanel gostava de usar seus muitos acessórios durante o dia, mesmo em situações informais  como ir à praia, por exemplo. Já à noite, raramente usava qualquer adorno.  

As inspirações para Chanel criar suas peças (em parceria com joalheiros e designers importantes) eram muito variadas, como por exemplo: as jóias Romanov que recebeu do Grand Duke Dimitri da Russia, as jóias dadas pelo Duke de Westminster com esmeraldas, rubis e safiras,  as jóias do período do Renascimento e Bizantino. E também inspirava-se nos botões, correntes e fivelas dos uniformes militares.

Ela adorava criar acessórios com pérolas artificiais. Quando era jovem as pérolas eram as pedras mais preciosas e um privilégio da aristocracia. Chanel fazia suas criações com pérolas maiores e de cores variadas, além da cor natural. Seus colares com várias voltas, broches e pendentes tornaram-se um de seus símbolos clássicos.


A estilista e suas pérolas em muitos cordões, de tamanhos variados 


Além das pérolas, Chanel usava pedras semi-preciosas como água marinha, topázio, ametista e cristal para compor acessórios a serem usados com seus vestidos de noite.

As jóias de Chanel eram um mix de pedras naturais e imitações. É notável que suas peças continuam a influenciar até hoje na criação dos acessórios de moda.


Chanel e  seu amigo Salvador Dali, em 1937, usando
um maxi colar de pérolas e pulseiras inspiradas em adornos 
militares 

O Tailleur

Terninho de Chanel, de 1929
No início da década de 20, por inspiração dos uniformes dos soldados da infantaria, Chanel criou um conjunto com uma blusa modelo túnica longa marcada por um cinto que sugere uma cintura baixa coordenada à saia com abotoamento lateral.  Nessa época tudo a inspira, seu contato com o mundo, com os artistas. Chanel conquista Paris e passa a ser reconhecida no mundo todo.

Em 1925 ela começou um caso de amor com o Duque de Westminster. Esse caso de amor que durou alguns anos contribuiu muito para o mundo da moda. O duque colocou à disposição de sua amada uma tecelagem própria que passou a fornecer o tweed de lã para o novo tailleur Chanel. Iniciou-se assim  a fase da influência inglesa com o tecido e a arte da alfaiataria, que marcaram suas peças a partir daquele momento sempre com a exigência do corte e caimento perfeitos.

A década de 20 foi marcada pelo encurtamento das saias. Por volta de 1926 a saia atingiu o comprimento de quatro dedos abaixo do joelho. E a década terminou conhecida como os Anos Loucos, por representar uma extravagância jamais igualada.

Nas décadas de 50 e 60, Chanel traduziu o clássico tailleur de tweed numa nova moda, mais moderna e que contrastava com os vestidos estruturados de Dior. Ela competia ativamente contra Dior defendendo suas roupas mais confortáveis para a mulher da época.

Chanel, na década de 60...

.... trabalhando em suas peças

Os terninhos de lã de Chanel, com botões dourados  eram simplesmente maravilhosos e suas variações têm sido usadas pelas mulheres até hoje. Os casacos sem golas ficaram tão associados ao seu nome que são referidos hoje como o casaco estilo Chanel.

Coleção Chanel  Outono Inverno 2012 - 2013: o tailleur novo vintage


A Camélia


Sua flor favorita tornou-se um dos símbolos mais emblemáticos. Esta flor estava em moda na sua época  e era usada pelos jovens e cavalheiros nas lapelas de seus paletós. Assim como fez com outras peças do vestuário e acessórios masculinos, como as camisas, os chapéus e as calças, a camélia também passou a ser incorporada no seu estilo, agora com um toque feminino. 

Associada ao mistério e à sensualidade, esta flor pode também ter se tornado sua preferida  após ter recebido um buquê de camélias brancas de seu amor Boy Capel.


A atriz Shirley MacLaine no papel de Chanel, aos 70 anos de idade,
no filme Coco Chanel (2008). Nesta imagem ela está usando três dos grandes símbolos da estilista: a camélia, as pérolas e o tailleur de tweed. 




Originalmente confeccionada em organza branca, o acessório, em forma de broche, enfeitava as roupas criadas pela estilista. Ao longo das décadas, vem sendo modificada e é praticamente um símbolo do grife, estando presente em acessórios, roupas, e até mesmo nas embalagens de presente da maison.
As várias camélias 















O Vestido Preto

A primeira versão do famoso pretinho básico

De todas as suas inovações na moda e no design, a mais famosa, sem dúvida,  é o vestido preto ou o LBD (little Black dress). Chanel o criou no período entre Guerras, quando as cores brilhantes, as estampas e os bordados dominavam a moda.

O vestido preto de mangas compridas foi feito em lã para o dia e em crepe, veludo ou seda para a noite realmente abalou o mundo da moda. Mais tarde apareceram outras variações do vestido, mais curto, sem mangas, em chiffon, com renda preta.

Em 1926, a Vogue americana nomeou o vestido preto de Chanel como um “Ford”, por conta de sua simplicidade e enorme potencial em se tornar um sucesso duradouro.




O vestido preto de Chanel tornou-se um símbolo da simplicidade chique e sofisticada e é até hoje referência da marca, agradando a todas as mulheres. É sempre uma escolha acertada, para as  mais diversas ocasiões.  Um pouco mais sobre este famoso amigo das mulheres já comentei em A Bonequinha de Luxo fez 50 anos. Vale a pena rever.

  Cannes 2011. Claudia Schiffer com vestido de renda preto
 e jóias Chanel 


Chanel n° 5


Uma das mais famosas garotas propaganda
 do perfume: Marilyn Monroe

O perfume foi criado em 1921 por Ernest Beaux a pedido de Chanel que havia dito que queria “um perfume de mulher com cheiro de mulher”.  Depois de muitos testes  Chanel finalmente escolheu a amostra identificada pelo número 5. No  filme Coco Chanel & Igor Stravinsky (2009) podemos ver cenas que retratam essa experiência da estilista na elaboração de seu perfume assim como a  influência imediata dele para as mulheres da época, que faziam fila em frente à sua Maison para adquirir o produto.

Foi o primeiro perfume sintético a levar o nome de um estilista e sua importância foi tamanha para a arte e sociedade moderna que o levou a ser  incorporado à Coleção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York em 1959.
Chanel escolheu um frasco de design simples no estilo Art Deco, e acrescentou uma etiqueta preta e branca. O frasco já sofreu algumas evoluções, mas mantém sempre seu lado refinado que fez sucesso.


O perfume é um clássico feminino, de agrado de muitas mulheres famosas, que contribuíram ainda mais para torná-lo um ícone de sucesso. Dentre essas musas, destaque para Marilyin Monroe, Catherine Deneuve, Nicole Kidman, entre outras.



Catherine Deneuve
Nicole Kidman

E uma campanha recente do perfume, que está sempre entre os dez mais vendidos do mundo, traz o ator Brad Pitt, considerado o "primeiro muso" da marca. 


Brad Pitt

Muito já foi dito e há sempre mais a dizer e refletir sobre Chanel, suas criações, símbolos, e sua influência e presença no mundo da moda até os dias de hoje.  Por ora, termino este post com uma cena do filme Coco Chanel & Igor Stravinsky (2009), quando Chanel finalmente decide pelo seu símbolo mais marcante, o perfume, o clássico e eterno Chanel 5














6 comentários:

Marcelo disse...

Uma aula de Chanell.
Muito bom.

Raquel Gonzaga disse...

Uma leonina símbolo de elegância e ousadia. Inspiração !
Adorei o fato de que ela preferia imitações de jóias e incentivava não ostentar riqueza.
Chique e simples.
Parabéns pelo post.

Adriano Paciello disse...

Excelente post, Lu! Agora posso comentar como parceiro de blogs! Continue a nos dar aulas e mais aulas de moda!

Beijos!

Elaine Cuencas disse...

Sabe que quando eu era menina, ganhei uma bolsa com alça de corrente, uma imitação legítima da Chanel... que delícia desfilar com aquela bolsa linda e o meu vestidinho bicolor... anos 70! E ouvir minha mãe conversando com a costureira que iria fazer um tailleur... o tecido comprado a prazo, o forro escolhido com cuidado, a costureira - uma portuguesa que foi morar lá na minha rua - era especialista e muito generosa. Fez vestidos e tailleur para muitas meninas e mães, cobrando bem baratinho. Bons tempos! Aprendemos a máxima de Mme. Chanel: luxo é o oposto da vulgaridade. Luxo é bom gosto que se aprende compartilhando conhecimento, como você faz aqui... escrevendo lindamente a respeito de moda! bjs,

Luciana disse...

Obrigada, Dria! Que bom que estamos vivendo nessa era do mundo maravilhoso dos blogs e afins, não é mesmo? A criatividade não tem fim! Bjs!

Luciana disse...

Que linda história, Elaine! Cabe lá no seu blog, com suas narrativas emocionantes! Obrigada pelo carinho! E como disse pro Adriano, que privilégiobom estar neste mundo maravilhoso dos blogs. A criatividade não tem fim e fico muito feliz por compartilhar com todos ! Bjs, querida!