Chanel em seu apartamento em Paris, em 1937 |
Algumas pessoas acham que o luxo é o oposto de pobreza. Não é. É o oposto de vulgaridade.
(Coco Chanel)
A data de hoje, 19 de agosto, é a do nascimento de uma das mulheres mais famosas e
influentes do século XX, Gabrielle Chanel, que nascia há 129 anos, na pequena cidade de Saumur, na
França.
Sua origem humilde e experiências
sofridas quando menina e adolescente ficaram para trás ao longo da vida de
sucesso e conquistas. A mulher que revolucionou não só a moda, mas o
comportamento das mulheres, não falava dos episódios tristes de sua vida, e
recriava sua história constantemente.
Uma leonina com características muito marcantes e de personalidade forte.
Determinada, ousada, criativa, deixou muitas contribuições para as gerações
futuras que podem ser percebidas através de suas criações e símbolos que
adotou. Aliás, ela própria é um símbolo:
de elegância, luxo, revolução, atitude e ousadia.
Em Mulheres Extraordinárias no mundo da moda: parte 1 apresentei um pouco
sobre a vida de Chanel e sua importância para a moda. Hoje, para
comemorar a data de seu nascimento, trago algumas de suas criações e marcas para
a moda e sua importância e presença na vida das mulheres até os dias atuais.
Variações da clássica 2.55 |
A Bolsa 2.55
A famosa bolsa de matelassê recebeu esse nome devido à data em que foi
lançada: fevereiro de 1955. O fecho original é o retangular. O fecho com os CCs
entrelaçados só foi criado na década de 80 pelo estilista da marca, Karl Lagerfeld.
As alças de correntes duplas douradas são também uma característica
marcante dessa bolsa, criada pela designer quando estava com 71 anos de idade.
Inicialmente a bolsa foi criada em couro e em jersey nas
cores preferidas de Chanel, bege, marrom, preta e azul marinho, mas ao longo
dos anos foram feitas muitas variações do modelo original, com cores e
materiais diferentes como tecidos e metais.
Em comemoração ao 50° aniversário da bolsa (Fevereiro de 2005), Lagerfeld fez a reedição da 2.55 que a denominou “2.55 Reissue”.
Exemplar da bolsa 2.55 Reissue (usada) custa por volta de U$ 3.800 |
As jóias
Chanel foi uma das primeiras
designers a usar imitação de jóias para compor seus looks. Já na década de 20,
ela trouxe as imitações das pérolas e outras jóias para um nível superior, o da arte,
com ar sofisticado e chique. Suas roupas feitas com tecidos e cortes simples, e
em cores neutras, combinavam perfeitamente e pediam o uso de acessórios.
Chanel gostava de usar
acessórios, mas sempre dizia que "deveriam ser usados para decorar e não para
exibir riqueza e que muito dinheiro poderia matar o luxo". Por isso a opção
pelas imitações e combinações variadas de elementos não naturais e pouco
custosos, mas que causavam o efeito desejado de compor, adornar e enriquecer o
visual.
Apesar de possuir muitas jóias
valiosas ela raramente as usava. Diferentemente do costume e tradição das
mulheres da época, Chanel gostava de usar seus muitos acessórios durante o dia,
mesmo em situações informais como ir à
praia, por exemplo. Já à noite, raramente usava qualquer adorno.
As inspirações para Chanel criar
suas peças (em parceria com joalheiros e designers importantes) eram muito variadas, como
por exemplo: as jóias Romanov que recebeu do Grand Duke Dimitri da Russia, as
jóias dadas pelo Duke de Westminster com esmeraldas, rubis e safiras, as jóias do período do Renascimento e
Bizantino. E também inspirava-se nos botões, correntes e fivelas dos uniformes
militares.
Ela adorava criar acessórios com pérolas artificiais. Quando era jovem as pérolas eram as pedras mais preciosas e um privilégio da aristocracia. Chanel fazia suas criações com pérolas maiores e de cores variadas, além da cor natural. Seus colares com várias voltas, broches e pendentes tornaram-se um de seus símbolos clássicos.
Ela adorava criar acessórios com pérolas artificiais. Quando era jovem as pérolas eram as pedras mais preciosas e um privilégio da aristocracia. Chanel fazia suas criações com pérolas maiores e de cores variadas, além da cor natural. Seus colares com várias voltas, broches e pendentes tornaram-se um de seus símbolos clássicos.
Além das pérolas, Chanel usava
pedras semi-preciosas como água marinha, topázio, ametista e cristal para
compor acessórios a serem usados com seus vestidos de noite.
As jóias de Chanel eram um mix de
pedras naturais e imitações. É notável que suas peças continuam a influenciar até
hoje na criação dos acessórios de moda.
Chanel e seu amigo Salvador Dali, em 1937, usando um maxi colar de pérolas e pulseiras inspiradas em adornos militares |
O Tailleur
Terninho de Chanel, de 1929 |
Em 1925 ela começou um caso de
amor com o Duque de Westminster. Esse caso de amor que durou alguns anos contribuiu
muito para o mundo da moda. O duque colocou à disposição de sua amada uma
tecelagem própria que passou a fornecer o tweed de lã para o novo tailleur
Chanel. Iniciou-se assim a fase da influência inglesa com o tecido e a arte da
alfaiataria, que marcaram suas peças a partir daquele momento sempre com a exigência do
corte e caimento perfeitos.
A década de 20 foi marcada pelo
encurtamento das saias. Por volta de 1926 a saia atingiu o comprimento de quatro
dedos abaixo do joelho. E a década terminou conhecida como os Anos Loucos, por
representar uma extravagância jamais igualada.
Nas décadas de 50 e 60, Chanel traduziu o clássico tailleur de tweed numa nova moda, mais moderna e que contrastava com os vestidos estruturados de Dior. Ela competia ativamente contra Dior defendendo suas roupas mais confortáveis para a mulher da época.
Nas décadas de 50 e 60, Chanel traduziu o clássico tailleur de tweed numa nova moda, mais moderna e que contrastava com os vestidos estruturados de Dior. Ela competia ativamente contra Dior defendendo suas roupas mais confortáveis para a mulher da época.
Os terninhos de lã de Chanel, com
botões dourados eram simplesmente
maravilhosos e suas variações têm sido usadas pelas mulheres até hoje. Os casacos
sem golas ficaram tão associados ao seu nome que são referidos hoje como o
casaco estilo Chanel.
A Camélia
Sua flor favorita tornou-se um dos símbolos mais emblemáticos.
Associada ao mistério e à sensualidade, esta flor pode também ter se tornado sua preferida após ter recebido um buquê de camélias brancas de seu amor Boy Capel.
As várias camélias |
O Vestido Preto
A primeira versão do famoso pretinho básico |
De todas as suas inovações na moda e no design, a mais famosa, sem dúvida, é o vestido preto ou o LBD (little Black dress). Chanel o criou no período entre Guerras, quando as cores brilhantes, as estampas e os bordados dominavam a moda.
O vestido preto de mangas compridas foi feito em lã para o dia e em crepe, veludo ou seda para a noite realmente abalou o mundo da moda. Mais tarde apareceram outras variações do vestido, mais curto, sem mangas, em chiffon, com renda preta.
Em 1926, a Vogue americana nomeou o vestido preto de Chanel como um “Ford”, por conta de sua simplicidade e enorme potencial em se tornar um sucesso duradouro.
O vestido preto de Chanel tornou-se um símbolo da simplicidade chique e sofisticada e é até hoje referência da marca, agradando a todas as mulheres. É sempre uma escolha acertada, para as mais diversas ocasiões. Um pouco mais sobre este famoso amigo das mulheres já comentei em A Bonequinha de Luxo fez 50 anos. Vale a pena rever.
Chanel n° 5
Uma das mais famosas garotas propaganda do perfume: Marilyn Monroe |
O perfume foi criado em 1921 por
Ernest Beaux a pedido de Chanel que havia dito que queria “um perfume de mulher
com cheiro de mulher”. Depois de muitos testes Chanel finalmente escolheu
a amostra identificada pelo número 5. No filme Coco Chanel & Igor Stravinsky (2009) podemos ver cenas que retratam essa experiência da estilista na elaboração de seu perfume assim como a influência imediata dele para as mulheres da época, que faziam fila em
frente à sua Maison para adquirir o produto.
Foi o primeiro
perfume sintético a levar o nome de um estilista e sua importância foi tamanha
para a arte e sociedade moderna que o levou a ser incorporado à Coleção permanente do Museu de
Arte Moderna de Nova York em 1959.
Chanel escolheu um
frasco de design simples no estilo Art Deco, e acrescentou uma etiqueta preta e
branca. O frasco já sofreu algumas evoluções, mas mantém sempre seu lado
refinado que fez sucesso.
O perfume é um clássico feminino, de agrado de muitas mulheres famosas, que contribuíram ainda mais para torná-lo um ícone de sucesso. Dentre essas musas, destaque para Marilyin Monroe, Catherine Deneuve, Nicole Kidman, entre outras.
E uma campanha recente do perfume, que está sempre entre os dez mais vendidos do mundo, traz o ator Brad Pitt, considerado o "primeiro muso" da marca.
Muito já foi dito e há sempre mais a dizer e refletir sobre Chanel, suas criações, símbolos, e sua influência e presença no mundo da moda até os dias de hoje. Por ora, termino este post com uma cena do filme Coco Chanel & Igor Stravinsky (2009), quando Chanel finalmente decide pelo seu símbolo mais marcante, o perfume, o clássico e eterno Chanel 5.
Catherine Deneuve |
Nicole Kidman |
E uma campanha recente do perfume, que está sempre entre os dez mais vendidos do mundo, traz o ator Brad Pitt, considerado o "primeiro muso" da marca.
Brad Pitt |
Muito já foi dito e há sempre mais a dizer e refletir sobre Chanel, suas criações, símbolos, e sua influência e presença no mundo da moda até os dias de hoje. Por ora, termino este post com uma cena do filme Coco Chanel & Igor Stravinsky (2009), quando Chanel finalmente decide pelo seu símbolo mais marcante, o perfume, o clássico e eterno Chanel 5.
6 comentários:
Uma aula de Chanell.
Muito bom.
Uma leonina símbolo de elegância e ousadia. Inspiração !
Adorei o fato de que ela preferia imitações de jóias e incentivava não ostentar riqueza.
Chique e simples.
Parabéns pelo post.
Excelente post, Lu! Agora posso comentar como parceiro de blogs! Continue a nos dar aulas e mais aulas de moda!
Beijos!
Sabe que quando eu era menina, ganhei uma bolsa com alça de corrente, uma imitação legítima da Chanel... que delícia desfilar com aquela bolsa linda e o meu vestidinho bicolor... anos 70! E ouvir minha mãe conversando com a costureira que iria fazer um tailleur... o tecido comprado a prazo, o forro escolhido com cuidado, a costureira - uma portuguesa que foi morar lá na minha rua - era especialista e muito generosa. Fez vestidos e tailleur para muitas meninas e mães, cobrando bem baratinho. Bons tempos! Aprendemos a máxima de Mme. Chanel: luxo é o oposto da vulgaridade. Luxo é bom gosto que se aprende compartilhando conhecimento, como você faz aqui... escrevendo lindamente a respeito de moda! bjs,
Obrigada, Dria! Que bom que estamos vivendo nessa era do mundo maravilhoso dos blogs e afins, não é mesmo? A criatividade não tem fim! Bjs!
Que linda história, Elaine! Cabe lá no seu blog, com suas narrativas emocionantes! Obrigada pelo carinho! E como disse pro Adriano, que privilégiobom estar neste mundo maravilhoso dos blogs. A criatividade não tem fim e fico muito feliz por compartilhar com todos ! Bjs, querida!
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