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quinta-feira, 17 de março de 2011

Mulheres extraordinárias no mundo da moda - Parte 1

No atual mundo da moda  quando se fala em estilistas e costureiros famosos parece que os nomes masculinos são muito mais mencionados do que os femininos. Os grandes estilistas e costureiros  são muitos, claro, e importantíssimos, mas as mulheres também estão aí e, tradicionalmente, sempre estiveram.
Nesse mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher e aproveitando ainda os ares dos grandes desfiles com o término recente da semana de moda  mais importante do ano, a de Paris, eu queria fazer uma homenagem a algumas das grandes estilistas do século XX  e XXI. Essas mulheres contribuíram muito não só para o mundo da moda com suas ideias e inovações,  mas ajudaram também para uma compreensão da sociedade em que viviam e procuraram expressar isso em sua arte. Algumas são bem conhecidas, outras, nem tanto, mas tenho certeza que vão adorar conhecê-las e passar a admirá-las.

Como são muitas as mulheres estilistas que quero homenagear (felizmente), vou apresentá-las em vários posts. Para esse primeiro post eu selecionei as seguintes: Jeanne LanvinMadeleine Vionnet, Nina Ricci, Coco Chanel e Elsa Schiaparelli.


JEANNE LANVIN
 (1867-1946)

De origem humilde, essa francesa começou muito nova no mundo das roupas, aos 15 anos, trabalhando como ajudante de costura nos subúrbios de Paris. Mais tarde ela começou a fazer chapéus e aos 22 anos abriu uma pequena loja para fazer e vender suas peças. Mas o grande nicho que se abriu para Madame Lanvin, no início do século XX, não foi exatamente com seus chapéus, mas, sim, com roupas para meninas. Ela havia começado a fazer roupas para sua filha Marguerite, uma vez que não gostava das roupas disponívies para as crianças da época, que eram muito sérias. Suas clientes adoraram e começaram a encomendar roupas para suas filhas e para elas próprias. Essa presença de mãe e filha pode ser vista em vários de seus croquis e na representação oficial de sua marca.



Suas roupas eram coloridas e confortáveis, muito diferentes das peças do final do século XIX e inicio do século XX. 
Nas décadas de 20 e 30, a maison cresceu e ampliou seus negócios com o lançamento do primeiro perfume  "My Sin" e da coleção de moda masculina.



Vestido contemporâneo no azul Lanvin
 
Uma das características marcantes  em suas criações é a utilização de um tom de azul que ficou conhecido como  "azul Lanvin".

Após sua morte em 1946, com quase 80 anos, a Maison Lanvin passou por várias mudanças em estilo por conta dos designers que lá trabalharam. Mas a marca está aí, muito forte e conceituada com sua presença nas semanas de moda mais importantes.





Desfile da Lanvin na Semana de Moda de Paris (outono/inverno 2011/2012) Março/ 2011
Quem quiser conhecer e até adquirir peças da marca pode fazer isso pelo site.



MADELEINE VIONNET
(1876 - 1975)


Vionnet fazia seus vestidos primeiramente numa
boneca para depois fazê-los em tamanho real.
Outra francesa muito importante para o mundo da moda, Vionnet trouxe para a criação de roupas uma inovação e técnica que passam a ser usadas por quase todos os estilistas e costureiros que a sucederam: o corte em viés e o uso de drapeados nos tecidos para dar sensação de leveza e transparência remetendo às túnicas gregas. Uma outra contribuição sua foi livrar as mulheres do corpete ou espartilho, para dar-lhes mais conforto. Obrigada, Vionnet!
Ela também era de uma familia humilde dos subúrbios de Paris e começou a trabalhar aos 12 anos como ajudante de costura. Ela teve oportunidade de trabalhar com um dos grandes costureiros da época, Paul Poiret.  

Sempre foi uma mulher muito reservada e não gostava de vida social ou badalação. Suas clientes eram muito ricas e exclusivas, incluindo algumas atrizes do cinema como Greta Garbo e Marlene Dietrich, que adoravam seus vestidos. Não se sabe muito de sua vida pessoal, nem o que Vionnet fez no período de 1940, quando fechou seu ateliê por causa da Guerra, até sua morte em 1975. Sabe-se que foi morar numa fazenda em Cély.


Vionnet fotografava seus modelos de frente, lado e costas
com uma numeração e depois registrava suas criações para  evitar cópias.
Em fevereiro de 2010 os direitos da marca foram adquiridos por Matteo Marzotto e por Rodolpho Paglialunga (ex-Prada) que é o atual designer Vionnet. Seus vestidos belíssimos recuperam as ideias originais de Vionnet, mas a marca traz também sapatos e outros acessórios que podem ser conhecidos no site. Muito interessante!

A atriz alemã  Diane Kruger com um lindo vestido Vionnet
no Festival de Berlim em fevereiro de 2011. Não parece uma túnica grega?!

NINA RICCI
(1883 - 1970)


Nina Ricci apreciando um de seus modelos.
 Agora vamos falar agora de uma importante estilista italiana nascida em Turin, mas que mudou-se para Paris quando era adolescente. E foi na França que ela tornou-se costureira e aos 22 anos de idade era designer de um ateliê importante da época e tornou-se sócia da maison Raffin posteriormente.


Mas sua independência e consagração no mundo da moda como estilista foi em 1932, com pouco mais de 50 anos de idade com o apoio de seu filho, Robert, que se tornou seu grande empresário. Ele, inclusive foi o criador do primeiro perfume da marca "L'Air dus Temps", em 1949.

E vários outros perfumes foram lançados, desde então.







Além de roupas e perfumes a marca também tem acessórios, como os óculos de sol.

Os óculos quadrados de Jackeline Kennedy da década de 70
foram relançado por Nina Ricci e podem ser adquiridos no site
 E os vestidos modernos e coloridos Nina Ricci podem também ser vistos no tapete vermelho pelas divas do cinema e da música, e também nos desfiles das semanas de moda mais importantes.
Sarah Jessica Parker num vestido lindíssimo Nina Ricci,
na ocasião do lançamento do filme "Sex and the City", em 2008.



Desfile de Nina Ricci - Coleção Primavera Verão 2011

GABRIELLE "COCO" CHANEL
(1883 - 1971)

 De todos os nomes aqui apresentados, talvez essa seja a mais conhecida pela grande maioria das pessoas, mesmo por aquelas que não são do mundo da moda. Sua vida social intensa, sua personalidade forte, e seu perfume número 5 são algumas das coisas que as pessoas mais lembram quando falam de Coco Chanel. mosas.

A estilista francesa, também de origem humilde, inovou com suas peças mais leves, folgadas e masculinas como a calça comprida por exemplo, além de ter contribuído muito para a liberação da mulher e a compreensão de seus novos papéis e comportamentos.

Ela trouxe, também, entre outras coisas a cor preta em suas coleções eternizando o vestido "tubinho preto" e o corte de cabelo mais curto, o famoso corte "chanel".


Hoje a marca  Chanel é uma das mais fortes e caras do mercado e tem como designer o alemão Karl Lagerfeld. Além de roupas e acessórios a marca conta também com uma forte presença entre os cosméticos e perfumes (outros além do eterno número 5).




Karl Lagerfeld e suas modelos no desfile da Chanel Outono Inverno 2011/2012 no Grand Palais
 durante a semana de Paris em  Março de 2011.

E voltando a falar no perfume mais famoso do mundo.... uma das grandes razões para esse status deve-se a sua garota propaganda - Marylin Monroe, que em uma entrevista havia dito que só dormia com duas gotas de Chanel, mais nada. Que marketing, não?



ELSA SCHIAPARELLI
(1890 - 1973)

Uma outra estilista italiana famosa nascida em Roma, e uma das grandes rivais de Chanel. Amiga de vários artistas da época, entre eles o surrealista Salvador Dali, Schiaparelli usou muito da arte na moda criando peças ousadas, extravagantes e para muitos, esquisitas.

Algumas dessas  peças eram os chapéus em formato de sapatos, ou o desenho de lagosta num vestido (homenagem a Dali). 



Elsa Schiaparelli é  a criadora da cor rosa choque. Vejam o detalhe no chapéu em forma de sapato acima e nas listras do vestido abaixo.



Schiaparelli foi, sem dúvida, uma das mulheres marcantes do seu tempo, com suas ideias inovativas e controversas chegando até a ser capa da revista Time na época.
Time - 1934
Schiaparelli fechou sua maison em Paris na época da Segunda Guerra Mundial, no final da década de 30. Chegou a trabalhar nos Estados Unidos nesse período da Guerra, mas fechou definitivamente sua maison em 1954, quando de volta a Paris o mundo havia passado por muitas transformações e suas criaçõe já não tinham espaço.

Apesar de não ter uma continuidade da marca, a estilista e suas ideias e criações influenciaram e continuam a influenciar os designers de hoje. Bem, só pelo cor rosa choque, ou pink, não dá para não lembrar dela, uma vez que essa cor veio pra ficar mesmo e é muito usada no mundo do glamour.


Essas  cinco estilistas francesas e italianas já não estão mais entre nós, mas podemos perceber a presença delas através das marcas de suas artes, suas criações e  influências. São muitas as releituras feitas de seus originais e às vezes nem nos damos conta de como elas aparecem em nossas vidas, seja por uma roupa, um detalhe, a escolha de uma cor, ou perfume ....  ou mesmo, e principalmente,  pelas atitudes e pensamentos e formas de viver e se expressar através da arte. Cada mulher traz um pouquinho delas e de muitas outras artistas-estilistas que irei apresentar aqui em outros posts.
Até lá!
Luciana